segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Rações Medicamentosas

Muitos já devem saber ou ter ouvido falar sobre as rações que são “medicamentosas”.




Na realidade, estas rações não podem ser consideradas medicamentosas, mas podem ser consideradas auxiliares no tratamento de alguma enfermidade.



Por exemplo: se o seu animal de estimação tem problema no fígado e, dependendo da causa, há necessidade de restringir a ingestão de certas substâncias com objetivo de melhorar a função do fígado, irá existir rações com composição específica para este caso.



E isto repete-se em outras áreas como, por exemplo, problemas renais, articulares, intestinais e outros.



Há uma tendência tecnológica de desenvolver alimentos que irão prevenir problemas que podem ocorrer a médio e a longo prazo.



Se, por exemplo, você possui algum animal com tendência à ter problema articular, haverá a possibilidade de você diminuir o risco ou até impedir que o problema ocorra, administrando uma ração específica e que atenda as necessidades nutricionais deste individuo, independente de ter raça ou não ter raça.



O “obstáculo” geralmente é o custo e sobre isto eu já comentei em um tópico anterior sobre a relação custo-benefício.



Como clínico, eu sei o quanto é difícil convencer alguém a trocar a ração atual por outra com qualidade superior, pois, esbarro na questão de preço. Eu afirmo e reafirmo que o preço é a última coisa que deverá ser avaliada.



Não é o preço que faz a ração, é a qualidade da ração que determina o seu preço e, nisto, há empresas de ração que investem milhões em propaganda na televisão, investem nas cores da ração, na embalagem (fotos e cores), na forma como os grãos de ração irão ter, investem milhões no apelo psiológico ( e de forma à enganar e ludibriar as pessoas) e pouco fazem para melhorar realmente e significativamente a qualidade da ração.



Em verdade, para o seu cão ou gato, não há necessidade nenhuma da ração ter forma de osso ou de peixe ou seja lá qual forma, ou que o pacote venha escrito sabor presunto, queijo, frango, que eles coloquem a “Gisele Buchen” dos vegetais no pacote.



Tudo isto é marketing, é manipulação, é fantasioso! Vocês não estão comprando o que vocês estão vendo no pacote!



O que você enxerga no pacote da ração, muitas vezes, não existe na ração, na forma como são levados a crer.



Se algumas destas empresas deixassem estas idiotices de lado e passassem a ter uma atitude mais científica, eles deixariam toda a forma carnavalesca e circense de apresentar seus produtos, deixariam de investir milhões em propagandas de 30 segundos na televisão e partiriam para pesquisas sérias, diminuiriam o nível de carboidratos da sua ração, não iriam tingir os grãos da ração e nem dariam formas de peixinhos, ossinhos e tudo quanto é besteira.



Para todos que entram em meu consultório, eu faço a seguinte proposta: se eles colocarem em prática todas minhas orientações nutricionais e não tiverem um benefício com isto, eu pago todos os custos envolvidos nesta mudança! E eu falo isto, pois, eu tenho plena certeza do que digo!



Quando indico uma ração em detrimento de outra, faço com o objetivo de proporcionar saúde ao meu paciente, faço para proporcionar qualidade de vida para ele e economia para os meus clientes. Alguns acham que ganho alguma coisa da empresa de determinada ração e eu respondo dizendo que realmente eu ganho sim, mas não é da empresa!



Eu ganho da seguinte forma: quando a pessoa me dá o crédito e experimenta colocar em prática toda a minha orientação, ela irá ver que eu disse a verdade, ela irá perceber que eu não enganei e nem menti. Com isto, eu conquisto a confiança desta pessoa. Conquistando a confiança dela, eu irei ser mencionado quando o vizinho ou amigo desta pessoa, necessitar de Médico Veterinário.



Portanto, aí está o meu comprometimento: com todos vocês que me procuram, fazer com que fiquem felizes ao ver diminuir a queda dos pêlos e melhorar o brilho destes, fiquem satisfeitos ao perceberem que o volume de fezes diminuiu e o odor já não é tão fétido, fazer com que vocês fiquem satisfeitos ao perceberem que o pacote de ração tá durando mais e, por isto, não precisam ficar comprando ração com tanta frequência, enfim, tornar objetivo todos os benefícios subjetivos que uma ração de alta qualidade proporciona.



Pois é muito fácil você não achar caro pagar por um produto cujo benefício pode ser visto, tocado, sentido, isto é, benefícios objetivos e táteis. Agora, quando o benefício não tem este apelo aos cinco sentidos, o quadro muda totalmente. é a velha história: a ausência da doença é um bem e um benefício, por si só, isto é, só iremos valorizar o nosso maior tesouro (nossa saúde e dos nossos animais de estmação) quando a perdemos, não é mesmo!?



Quaquer dúvida ou comentário do que disse aqui, fiquem a vontade de me contradizer, ou de criticar, colocar em prova minha linha de raciocínio, pois, é muito difícil alguém chegar e dar um cheque-mate na minha linha de raciocínio e quando isto ocorre, eu estou aprendendo mais um pouco com a outra pessoa.

Dr. Luiz Fernando Sabadine

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Leishmaniose Canina

A Leishmaniose canina é uma doença parasitária transmitida pela picada do mosquito infectado (fêmeas da espécie Lutzomia longipalpis - também conhecido por mosquito-palha). Trata-se é uma doença sistêmica grave, de curso lento e crônico. Trata-se de uma zoonose portanto merece sua importância na saúde pública


O calazar canino, do ponto de vista epidemiológico, é considerado mais importante que a doença humana, pois além de ser mais prevalente, apresenta um grande contingente de animais infectados com parasitismo cutâneo, que servem como fonte de infecção para os insetos vetores. Estas características tornam o cão doméstico o principal reservatório do parasito. Durante epidemias o homem também pode servir como reservatório do parasito, para a infecção do inseto vetor.

Sintomas:
Perda de peso e/ou falta de apetite
Apatia e debilidade
Seborréia, feridas que não cicatrizam
Crescimento rápido das unhas
Anemia
Inchaco dos ganglios
Insuficiencia Renal
Diarreias persistentes, vomitos
Lesoes Oculares (conjuntivites)
Hemorragia nasal (epistaxe)
Ferimentos ao redor dos olhos e na pele

Vale a pena lembrar que a grande maioria dos cães, 60% são assintomáticos


Como prevenir?
Pode-se prevenir a leishmaniose através na vacina, uso de coleiras apropriadas e repelentes a base de citronela de preferência. O flebótomo , o mosquito-palha, é um inseto bem pequeno e costuma se reproduzir em locais com muita matéria orgânica em decomposição. Portanto evitar acúmulos de lixo de casa é uma maneira contribuir para a saúde do meio ambiente e ao mesmo tempo evitar a proliferação dos mosquitos. Lembre-se lugar de lixo é no lixo

Controle da Doença
A expansão da doença canina e seu potencial zoonótico levaram, por parte das autoridades sanitárias, o direcionamento do controle para a população canina, baseado no inquérito sorológico e sacrifício dos cães positivos. Com a argumentação de que a carência econômica existente no país aumenta o contingente de humanos susceptíveis, em decorrência principalmente da desnutrição e condições inadequadas de vida, o sacrifício dos cães tem sido nas últimas 4 décadas a base de controle adotada no Brasil. Esta prática é hoje inaceitável na Europa e cada vez mais contestada pelos proprietários de cães e pela comunidade de veterinários de pequenos animais, sobretudo pelo crescente número de publicações científicas sobre o tratamento canino.

Os esforços para o controle dos vetores são direcionados, principalmente para as formas adultas dos flebótomos, pois os criadouros da maioria das espécies são ainda desconhecidos. O uso de inseticidas residuais (DDT, fosforados e piretróides sintéticos) no interior das casas e abrigos de animais é considerado eficiente para reduzir a população peridoméstica dos flebótomos e conseqüentemente a transmissão parasitária. Entretanto o efeito é temporário e exige um programa contínuo. No Brasil as ações de controle do vetor foram sempre descontínuas por diversas razões. A liberação de verbas, a alocação e contratação de mão-de-obra dependem de decisões políticas orçamentárias. Os programas que são implementados não surtem o efeito esperado e como conseqüência ocorre a reinfestação dos ambientes e reaparecimento de casos humanos e caninos de calazar. Ainda não foram relatados, no Brasil, casos de resistência aos inseticidas comumente utilizados.





A eutanásia de cães soropositivos é uma medida de controle recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), contudo a própria entidade reconhece que existem cães de grande valor afetivo, econômico e prático e por isso não podem ser indiscriminadamente destruídos. Profissionais ligados aos órgãos públicos de controle a leishmaniose visceral observam que o momento da busca do cão para eliminação é carregado de forte componente emocional, significando a determinação da “sentença de morte” para um “membro da família” dada a significância que o cão tem no ambiente familiar. Este sentimento faz com que muitos proprietários de cães não aceitem esta estratégia de controle, proporcionando alto índice de recusas, contribuindo para a manutenção da cadeia de transmissão. São necessárias, adoção de medidas alternativas que possam suprimir esta lacuna no controle, além de diminuir o ônus emocional que a mesma representa.





Entretanto, a resistência por parte dos proprietários em entregar os cães para a eutanásia, baseia-se não somente no papel que o cão assume no contexto familiar. Principalmente nos meios urbanos, estes animais executam diversas funções como: guarda, salvamento, guia de paraplégicos, prática de esportes, repressão à criminalidade e ao tráfico de drogas, além do valor cinófilo de alguns exemplares.





O conhecimento de que a doença canina não é uniformemente fatal e que alguns cães podem apresentar cura espontânea, levou a comunidade científica médico-veterinária à experimentação de tratamento dos animais. Os resultados obtidos conduziram a protocolos bem sucedidos já aplicados em alguns países. A OMS reconhece que a eutanásia dos cães infectados, na maioria dos países, se reserva cada vez mais para casos especiais, como resistência aos fármacos, recaídas repetidas ou situações epidemiológicas perigosas, pois a maioria dos veterinários preferem administrar um tratamento antileishmaniótico, acompanhando atentamente as recaídas.





Os mesmos estudos indicam que a opção pela eliminação de cães, deveria ser em escala de importância, a terceira medida adotada. Outra crítica a esta opção, é a pouca agilidade observada entre a coleta de material, realização do diagnóstico e a ação de busca de cães infectados e sua eliminação, caso fosse realizada de forma ideal, isto é, baseada em melhores técnicas diagnósticas de forma ágil, poderia resultar em algum impacto sobre a transmissão, porém apenas de forma linear. Neste contexto, os autores verificaram que o tratamento canino reflete significado semelhante ao do sacrifício no controle de leishmaniose visceral canina.





Uma medida direcionada à população canina que não pode ser esquecida é o controle de cães vadios, modestamente realizados nos centros urbanos brasileiros, que deveria ser assumida como prioridade, pois estes animais podem ser veiculadores não somente de Leishmaniose , mas também de outros agentes zoonóticos.















Tratamento:



O tratamento do calazar canino é visto, no contexto do grande avanço de qualidade da assistência veterinária. As opções de protocolos distintos conferem aos pacientes grandes possibilidades de melhora clínica e menores índices de recidivas. Entretanto, são prolongados com o tempo tornam-se caros e em alguns casos são ineficientes.





A opção pelo tratamento de um cão com calazar deve considerar parâmetros ligados à condição clínica do paciente e a participação consciente do proprietário, os quais irão determinar os critérios de tratamento e sua viabilidade. O paciente deve ser avaliado pelo médico veterinário através de detalhado exame clínico e laboratorial, que inclui a confirmação do diagnóstico sorológico, com determinação do limite da diluição positiva e da presença do parasito em amostra de pele, punção de linfonodos e de medula óssea, através de técnicas citológicas ou histológicas. Exames complementares de hemograma, testes bioquímicos de função renal e hepática e perfil eletroforético das proteínas séricas, permitirão ao clínico prognosticar e decidir sobre a indicação do tratamento. Infecções concomitantes como babesiose, erlichiose, demodicose, escabiose, hepatozoonose, criptococose e dirofilariose devem ser consideradas a fim de se estabelecer a prioridade de tratamento entre as enfermidades diagnosticadas.





Confirmada a doença e apresentando o animal condições para execução do tratamento, é de suma importância o diálogo franco com seu proprietário. O esclarecimento detalhado sobre a doença, sua condição de enfermidade crônica e incurável, a necessidade de medidas profiláticas concomitantes ao tratamento e seus custos devem ser relatados. Entre os custos, incluem-se medicamentos, serviços veterinários e exames laboratoriais realizados trimestralmente.





A opção pelo tratamento só se dará mediante a confirmação da qualidade clínica do paciente associada ao compromisso do proprietário.







Escrito por: Sonia Faria

Médica Veterinária - CRMV-CE 1000 / UECE

Biotério Central da Universidade Federal do Ceará (BIOCEN - UFC)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Tártaro dentário

Os tártaros dentários são cálculos duros e escuros que se acumulam em toda superfície dos dentes, sendo formados a partir dos resíduos alimentares. Os cães e gatos possuem uma predisposição especial para formação de tártaros, devido ao PH da sua saliva ser alcalino e ao fornecimento de alimentos inadequados. Algumas raças caninas como Poodles, Yorkshires e Dachshund possuem uma predisposição maior ao acúmulo de tártaros dentários, indicando uma forte correlação genética na manifestação desta doença.


Os tártaros causam um processo inflamatório conhecido como doença periodontal que provoca forte halitose, gengivite, retração gengival e que se não tratados, provocarão além do amolecimento e perda dentária, além de sérias alterações em outros órgãos, principalmente nos rins, coração e fígado, diminuindo assim a expectativa de vida do seu animal de estimação.

Para livrar o seu animal destes problemas, o proprietário consciente deverá fornecer sempre ração seca, ossos sintéticos ou naturais defumados, realizar escovação dentária semanal, com creme dental e escovas apropriadas para cães e gatos.

A tartarectomia é um procedimento cirúrgico para remoção dos tártaros, com aparelho de ultra-som. Para sua realização é imprescindível o uso de sedativo e anestesia geral, para garantir um procedimento tranqüilo, indolor e eficiente. Através deste procedimento é possível remover totalmente os tártaros dentários, evitando assim a doença periodontal e conseqüente perda dos dentes.

A freqüência com que esta limpeza deve ser realizada varia de indivíduo para indivíduo e, em média, é de uma a duas vezes ao ano.

Consulte seu veterinário e procure saber se seu cão ou gato de estimação precisa ser submetido a uma tartarectomia! Somente ele é capaz de realizar este procedimento com total segurança.

Garantindo uma higiene dentária adequada, você estará proporcionando uma vida mais longa e saudável para o seu animalzinho e, assim, poderá curti-lo por muito mais tempo!

E então? O que está esperando?


Dr. Alex Alexandria Machado
Médico Veterinário
CRMV RJ - 10774
cel: (21) 9439-2703  e-mail: guapitrufa@hotmail.com

O melhor banho da sua vida

Quando seu cão toma banho num pet shop, ele fica com a pelagem muito mais bonita, brilhante e cheirosa do que quando você tenta dar banho em casa, não é mesmo? Mas afinal, qual o segredo, banho não é tudo igual? – pensam alguns. Acompanhe passo-a-passo o banho da Maria Dolores, uma cadela da raça Border Collie, e descubra os “segredos” para dar um bom banho no seu amigão.


Equipamento:
- Toalha
- Shampoo: existem vários tipos e marcas. Escolha o tipo de acordo com a cor da pelagem do seu animal ou a necessidade. Existem produtos clareadores para pelagem branca, outros específicos para pelagem escura, shampoos antialérgicos e antipulgas (estes apenas quando o animal tiver idade superior à 6 meses). Evite usar shampoos humanos, pois eles podem causar alergias no cão ou gato.
- Condicionador: indispensável para cães e gatos com pelagem longa. Existem shampoos 2 em 1 que dispensam o uso do condicionador. Use produtos específicos para animais.
- Algodão
- Cortador de unhas
- Pente de metal
- Pente para desembolar a pelagem
- Escova de arame
- Perfume em spray (para animais)

Freqüência do banho:
Você pode começar a dar banho no seu cão ou gato a partir de 45 dias de idade, contanto que a temperatura esteja quente. Jamais banhe um filhote novo em dias extremamente frios. Há veterinários que indicam o primeiro banho quando com mais idade. SIGA A ORIENTAÇÃO DO VETERINÁRIO QUE TRATA DO SEU ANIMAL.  O banho pode ser dado semanalmente, mas a freqüência irá depender da raça e da tolerância do animal. Se ele começar a apresentar muitos problemas de pelagem e/ou pele, você deve diminuir a freqüência dos banhos.

1o. PASSO
Proteja os ouvidos com chumaços de algodão. Antes de começar o banho é importante a proteção do ouvidos. Coloque chumaços de algodão para que a água não entre e cause otite. Se o seu animal tiver pelagem longa, escove-o muito bem e procure investigar possíveis nós na pelagem. Se existirem, tente removê-los com um pente especial (desembolador). Mas, cuidado, se você puxar os nós excessivamente irá machucar a pele do seu animal, causando feridas. Os nós mais difíceis devem ser deixados para a aplicação do condicionador. Antes de começar, você pode cortar as unhas do seu cão ou gato. Mas só faça isso se estiver orientado pelo veterinário e souber como fazer. Do contrário, você machucará seu amigão e as unhas poderão sangrar muito.

2o. PASSO
Molhar a pelagem começando da cabeça. Use água morna para banhar seu animal. Água fria pode ser usada no verão. A água muito quente pode queimar a pele e deixá-lo desconfortável durante o banho. A temperatura elevada também pode retirar a gordura que protege superficialmente seu cão ou gato e torná-lo predisposto às doenças de pele. Onde você vai colocar o cachorro? Depende do que você tiver à mão: uma banheira, uma tina grande ou tanque, e até o box do seu banheiro. Use um avental plástico para não se molhar, embora seja quase impossível que você acabe todo o processo completamente seco.  Comece molhando a cabeça e pescoço (isso impedirá que eventuais pulgas subam para esses pontos, onde é mais difícil removê-las). Depois de molhado, use sabão de côco, em barra, para ensaboar e retirar toda a sujeira. Use uma escova plástica para que o sabão chegue até a pele. Ensaboe quantas vezes for necessário, até que a água saia limpa.
Nota: para que seu amigão não fuja correndo pela casa todo ensaboado, prenda-o pela coleira e guia curta em algum ponto da banheira. Nunca o deixe preso sem que você esteja por perto. Ele pode tentar pular e se enforcar!

3o. PASSO
Não esquecer de manter o animal preso durante o banho. Depois de retirada a sujeira, use o shampoo, de acordo com a necessidade do seu cão. Deixe agir por alguns segundos, enxágüe bem e use o condicionador, principalmente nas franjas e nós (cães de pelagem longa).

4o.PASSO
Escovar os dentes com escova de cerdas macias. Enquanto seu cão está “de molho” no shampoo ou condicionador, feche o chuveiro e aproveite para escovar os dentes dele. Existem escovas especiais para cães, mas você pode usar uma escova infantil com cerdas extra macias.  Alguns cães e gatos não toleram a escovação. Se for o caso do seu animal, desista antes que um dos dois saia machucado… Cuidar da higiene bucal é muito importante pois evitará a perda precoce dos dentes. Enxagüe o animal abundantemente para retirar todos os resíduos – só não vale gastar água desnecessariamente. Deixe que ele chacoalhe várias vezes, pois isso facilitará a secagem. Truque: para que seu cão ou gato chacoalhe, eliminando a água dos pêlos, assopre rapidamente sobre seu focinho.

5o. PASSO
O soprador retira o excesso de água. Depois de secar bem com a toalha, os pet shops usam o soprador, um aparelho que lança um forte jato de ar frio sobre a pelagem, expulsando toda a água retida. Isso diminui em muito o tempo de uso do secador. Na falta do soprador, capriche na secagem com a toalha, assim você gasta menos energia elétrica e tempo com o secador.

6o. PASSO
Na secagem, secador e escova. Seque a pelagem com o secador. É claro que os pet shops usam secadores profissionais, muito potentes. Se você não tiver um bom secador em casa, terá um grande trabalho e um enorme gasto de energia… Jamais use o secador muito quente ou próximo à pele do animal. Você poderá causar queimaduras! Para secar animais de pelagem longa, deve-se usar a escova de arame. Escove os pêlos em todos os sentidos. Não esqueça de secar as patas e entre os dedos. Se quiser deixar o animal secar ao ar livre, faça isso somente se o dia estiver muito quente e ele tiver pelagem curta, do contrário ele ficará com o pêlo cheio de nós e com um cheiro bastante desagradável (”cachorro molhado”).  Não esqueça também que, se você soltar seu cachorro molhado no jardim, ele vai querer se secar na grama ou na terra. Vai começar a correr e se esfregar no chão. Resultado: ficará mais sujo do que antes do banho! Fique de olho nele ou leve-o para passear enquanto se seca.

FINALIZAÇÃO
Limpe os ouvidos com algodão umedecido em álcool. Passe um perfume específico para animais, evitando a região do focinho. Na verdade, os cães detestam esses perfumes… Se o seu animal for alérgico, dispense qualquer essência. Caso queira aplicar algum produto antipulgas em gotas ou spray, faça isso no dia seguinte ao banho, quando pele e pelagem estarão 100% secos.  Agora Maria Dolores está pronta!! Achou trabalhoso? Não tem tempo para fazer tudo isso? Então procure um bom pet shop e deixe esse trabalhão a cargo de um profissional cuidadoso.


Dr. Alex Alexandria Machado
Médico Veterinário
CRMV RJ - 10774
cel: (21) 9439-2703  e-mail: guapitrufa@hotmail.com

Toxoplasmose

O que é:
A toxoplasmose é uma protozoose de distribuição mundial. É uma doença infecciosa, congênita ou adquirida, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Ocorre em animais de estimação e produção incluindo suínos, caprinos, aves, animais silvestres, cães, gatos e a maioria dos vertebrados terrestres homeotérmicos (bovinos, suínos, cabras, etc.). Acarreta abortos e nascimento de fetos mal formados.

Toxoplasma gondii possui três formas infectantes em seu ciclo de vida: oocisto, bradizoítos contidos em cistos e taquizoítos.
O gato e outros felídeos, que são os hospedeiros definitivos, estão relacionados com a produção e eliminação dos oocistos (ovos) e perpetuação da doença, uma vez que somente neles ocorre a reprodução sexuada dos parasitos. Eles ingerem os cistos que estão nos tecidos dos animais homeotérmicos, principalmente dos ratos e pássaros. Após essa ingestão passam a eliminar nas fezes por um período em média de quinze dias os oocistos não esporulados, sendo que provavelmente esta será a unica vez durante a vida que esse gato irá eliminar os oocistos não esporulados. No ambiente, através de condições ideais de temperatura, pressão, oxigenação e umidade os oocistos levam de 1 a 5 dias para se esporular e se tornar infectante.

Transmissão:
A toxoplasmose pode ser adquirida pela ingestão de água e/ou alimentos contaminados com os oocistos esporulados, presentes nas fezes de gatos e outros felídeos, por carnes cruas ou mal passadas, principalmente de porco e de carneiro, que abriguem os cistos do protozoário Toxoplasma gondi. A ingestão de leite cru contendo taquizoítos do parasito, principalmente de cabras, pode ser uma forma de infecção, mas provavelmente rara, pois a cabra tem de se infectar durante a lactação para que exista a possibilidade de passagem de taquizoítos para o leite.

A toxoplasmose pode ser transmitida congenitamente, ou seja, da mãe para o feto, mas não se transmite de uma pessoa para outra apesar de que já foi constatado a transmissão por transfusão sanguínea e transplante de órgãos de pessoas infectadas. Seu diagnóstico é feito levando em conta exames clínicos e exames laboratoriais de sangue, onde serão pesquisadas imunoglobulinas como a IgM e IgG.

Ciclo de Vida:
O ciclo inicia-se pela ingestão de cistos presentes em carne (por exemplo, de porco, rato ou coelho), pelos felídeos. A parede do cisto é dissolvida por enzimas proteolíticas do estômago e intestino delgado, o parasita liberado do cisto, penetra nos enterócitos (células da mucosa intestinal) do animal e replica-se assexuadamente dando origem a várias gerações de Toxoplasma através da reprodução assexuada. Após cinco dias dessa infecção, inicia-se o processo de reprodução sexuada, em que os merozoítos formados na reprodução assexuada dão origem aos gametas. Os gâmetas masculino (microgameta) e feminino (macrogameta), descendentes do mesmo parasita ou de dois diferentes, fundem-se dando origem ao ovo ou zigoto, que após segregar a parede cística dá origem ao oocisto. Este é expulso com as fezes dos animais após nove dias (cada gato expulsa mais de 500 milhões de oocistos em cada defecação).

O gato é o hospedeiro do T.gondiiJá no exterior, sofre divisão meiótica (esporulação) novamente após alguns dias, formando-se dois esporocistos cada um com quatro esporozoítos. Uma forma altamente resistente a desinfectante pode durar cinco anos em condições úmidas. Estes são activados em taquizoítos se forem ingeridos por outro animal, chamado hospedeiro intermediário: por exemplo, um rato ou coelho que coma erva em que algum gato ou outro felídeo tenha defecado ou uma criança ou adulto que mexa com os dedos em material contaminado com fezes e depois leve-os à boca. Os taquizoítos podem se infectar e replicar em todas as células dos mamíferos, exceto nas hemácias. Uma vez ligados a uma célula do hospedeiro, o parasito penetra na célula e forma um vacúolo parasitóforo, dentro do qual se divide. A replicação do parasito continua até que seu número no interior da célula atinja uma massa crítica que provoca a ruptura da célula, liberando parasitos que irão infectar outras células adjacentes. A maior parte dos taquizoítos é eliminada pelas respostas imunes humoral e celular do hospedeiro. Algumas dessas formas produzem oocistos, contendo muitos bradizoítos, ocorrendo em vários órgãos do hospedeiro, mas persistem no SNC e nos músculos. Se o animal for caçado e devorado por um felídeo, os cistos libertam os parasitas dentro do seu intestino, infectando o novo hóspede definitivo.

Sintomas:
Se a infecção se der durante a gravidez (o que ocorre em 0,5% das gestações), os parasitas podem atravessar a placenta e infectar o feto, o que pode levar a abortos e a malformações em um terço dos casos, malformações como hidrocefalia podendo também ocorrer neuropatias e oftalmopatias na criança como défices neurológicos e cegueira, mas se a infecção tiver sido antes do início da gravidez não há qualquer perigo, mesmo que existam cistos.

Os cistos contêm uma forma infectante do parasito, que é o bradizoíto, e em vez de se reproduzir rapidamente, formaram antes estruturas derivadas da célula que infectou, forte e resistente, cheia de liquido e onde o parasita se reproduz lentamente. Os cistos crescem e podem afetar negativamente as estruturas em que se situam, mais frequentemente músculos, o cérebro, no coração ou na retina, podendo levar a alterações neurológicas, problemas cardíacos ou cegueira, mas geralmente sem efeitos nefastos. Os cistos permanecem viáveis por muitos anos, mas não se disseminam devido à imunidade eficaz ganha pelo portador, inclusive contra mais oocitos que possam ser ingeridos. Se o indivíduo desenvolver ou for medicado para imunodeficiência, como após transplantes de órgãos, doenças auto-imunes ou na SIDA/AIDS, as formas ativas podem ser reativadas a partir dos cistos, dando origem a problemas sérios, com sintomas como exantemas (pele vermelha), pneumonia, meningoencefalite com danos no cérebro e miocardite, com mortalidade alta.

Diagnóstico:
O diagnóstico é pela sorologia, ou seja, detecção dos anticorpos específicos contra o parasita, como as imunoglobulinas IgM, que só existem nas fases agudas, e IgG que está aumentada na fase crônica da doença.

Na maioria dos casos não é necessário tratamento já que o sistema imunitário geralmente resolve o problema. Na gravidez ou em imunodeprimidos usa-se espiramicina, pirimetamina e sulfadiazina, para controlar a multiplicação do Toxoplasma gondii, mas também deve ser fornecido ao paciente ácido fólínico ou levedura de cerveja, para regularizar o sistema imunológico. Clinicamente é difícil fazer o diagnóstico porque os casos agudos podem levar à morte ou evoluir para a forma crônica. Esta pode assemelhar a outras doenças (mononucleose, por exemplo).

Prevenção:
Não existem exames que detectam se os gatos possuem ou não o protozoário Toxoplasma gondii; As mulheres grávidas devem evitar o contato com fezes de gatos, pois estas podem conter oocistos, não ingerir água de origem desconhecida e sem estar fervida, nem carne crua ou mal cozida durante a gravidez. No caso dos gatos, lavar as caixas com água, ferver freqüentemente e nunca tocá-las por mãos sem luvas. Alimentar os gatos com comida enlatada, ração, água fervida ou filtrada, não lhes permitir caçar animais também reduz o risco e nunca alimentá-los com carne crua ou mal passada.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Toxoplasmose


Dr. Alex Alexandria Machado
Médico Veterinário
CRMV RJ - 10774
cel: (21) 9439-2703   e-mail: guapitrufa@hotmail.com

Idade Cão X Idade Homem

Convencionou-se dizer que cada ano canino corresponde à sete anos da idade do homem… Mas será que um cão de 15 anos teria mesmo 105 anos? Essa correlação não é muito precisa. Não existe uma tabela exata, pois a idade do cão varia com inúmeros fatores. Por exemplo: raças grandes ou gigantes vivem menos tempo, ou seja, 9 anos para um doberman representam muito mais idade do que para um poodle. As raças pequenas, sabidamente, têm longevidade maior.


Você já deve ter visto um cão de 10 anos que aparente ter bem menos idade. Como no homem, alguns indivíduos tardam a envelhecer, enquanto outros parecem ter envelhecido precocemente. A alimentação, prevenção de doenças e cuidados com o animal irão influenciar em sua saúde e aparência, embora, em alguns casos, esses fatores não sejam determinantes. Mesmo extremamente cuidado, não há como retardar o envelhecimento dos animais.

O conhecimento da idade do cão em relação à idade humana nos ajuda a entender melhor o comportamento de nossos animais. Para termos uma idéia aproximada dessa relação, podemos usar a tabela abaixo. Como já foi explicado, ela é apenas uma base para você determinar a idade do seu cão. Agora é só tirar a dúvida: será que ele está mais conservado do que você?



Dr. Alex Alexandria Machado
Médico Veterinário
CRMV RJ - 10774
cel: (21) 9439-2703  e-mail: guapitrufa@hotmail.com

Dando comprimidos aos cães

Certamente não sabe exactamente como dar os comprimidos que o seu veterinário receitou ao seu cão. Enquanto as pessoas tomam medicação voluntáriamente, os cães não o fazem, excepto em alguns casos em que os comprimidos têm um sabor agradável ou em casos muito excepcionais em que os cães estão treinados a tomar comprimidos. Por vezes não é nada simples administrar comprimidos a um cão, e tem tudo a ver com a sua personalidade.


A forma mais simples de administrar um comprimido a um cão é dissimulando-o no alimento. Se não houver nenhuma restrição no tipo de alimento que ele pode comer, então deverá escolher um alimento irresistível. Exemplos são o queijo, paté, carne. Inicialmente deverá dar um fragmento desse alimento sem o comprimido para ganhar a sua confiança. Logo de seguida envolva o comprimido num novo fragmento e dê-lho. Alguns comprimidos possuem um revestimento resistente à acidez do estômago e tornam-se ineficazes se forem fragmentados. Outros perdem eficácia se forem dados com alimento. Aconselhe-se no seu veterinário. Não é aconselhável dissimular o comprimido, especialmente se desfeito em pó, numa refeição volumosa pois corre o risco de esta ser ingerida apenas parcialmente.

Se o seu cão não puder comer ou não tiver apetite devido à doença, então está na altura de lhe dar você próprio o comprimido. Terá de encontrar o local apropriado para lhe dar o comprimido. Chame o seu cão com uma voz agradável. Se usar uma voz ou expressão apreensiva ele poderá ficar também receoso e tornará difícil a operação. Certos cães resistem menos se forem colocados em cima de uma mesa. Terá e ter ajuda de alguém para o segurar para que ele não caia ao chão se por acaso se debater muito. Outro ponto onde é mais fácil contê-lo é no canto de uma sala, onde não consiga recuar. Coloque o comprimido pronto para ser administrado. Segure o comprimido entre o polegar e o indicador com a mão direita (se for dextro). Com a outra mão segure por cima do focinho do seu cão. Levante-lhe o focinho apontando-o para cima.

Neste momento deverá verificar que a boca abrir-se-á ligeiramente. Introduza os lábios superiores do seu cão para dentro da boca com a ajuda do polegar de um lado e o indicador do outro, atrás dos dentes caninos (os dentes grandes) por forma a que ele sinta que estão em contacto com os dentes. Desta forma ele não tentará fechar a boca. Com a ajuda de um dos dedos da mão direita (a que segura o comprimido) baixe-lhe o mandibular (maxilar inferior) apoiando-se entre os dentes caninos.


Deverá sentir pouca resistência. Rápidamente coloque o comprimido o mais fundo possível na sua boca, já junto à garganta e feche-lhe a boca mantendo-a assim com a mão esquerda. Pode colocar a cabeça na posição correcta mantendo a boca fechada. Se esfregar o nariz do seu cão ele provávelmente terá um reflexo de deglutição e engolirá o comprimido. Preste atenção se ele deita o comprimido fora (mastiga, engasga-se e movimenta muito a língua). Se ele não fizer nenhum dos movimentos anteriores, então deverá ter engolido. Quanto mais rápida for a operação anterior, mais eficaz se torna. Estude-a antes de iniciar o processo. Recompense-o se tudo correr bem, para que da próxima vez também corra bem.



Dr. Alex Alexandria Machado
Médico Veterinário
CRMV RJ - 10774
cel: (21) 9439-2703  e-mail: guapitrufa@hotmail.com

Piometra em cadelas

O que é a piómetra?

De uma forma simplificada, a piómetra é uma infecção do útero. No entanto, a maioria dos casos de piómetra são mais difíceis de tratar que uma simples infecção.

A infecção da parede do útero ocorre devido a certas modificações hormonais. Após o estro (“cio”), os níveis de progesterona (uma das hormonas envolvidas no ciclo menstrual) permanecem elevados durante 8 a 10 semanas, provocando um espessamento da parede do útero como preparação para a gravidez. Se a gravidez não ocorrer após vários ciclos, a espessura da parede continua a aumentar até que se formam quistos no seu interior. A parede quística espessada produz fluídos que criam o ambiente ideal para o crescimento de bactérias. Além disso, os níveis elevados de progesterona inibem a capacidade de contracção dos músculos da parede do útero, conduzindo à acumulação nociva destes fluídos.

Que outras situações podem causar estas alterações no útero?
A utilização de medicamentos à base de progesterona podem provocar o mesmo fenómeno. Adicionalmente, o estrogénio (outra hormona sexual) aumenta os efeitos da progesterona sobre o útero. Medicamentos que contêm alguma destas hormonas são por vezes usados para tratar certos problemas do sistema reprodutor.

Como é que as bactérias chegam ao útero?
O cérvix é a porta de entrada do útero. Ele está quase sempre fechado, abrindo no estro. Quando está aberto, as bactérias que se encontram normalmente presentes na vagina podem entrar no útero muito facilmente. Se o útero estiver normal, o ambiente é adverso para a sobrevivência das bactérias. No entanto, quando a parede uterina está espessada e quística existem as condições ideais para o crescimento bacteriano. Além disso, quando estas circunstâncias anormais se verificam os músculos do útero não conseguem contrair-se convenientemente. Isto significa que as bactérias que entram no útero não podem ser expulsas.

Quando ocorre?
A piómetra pode ocorrer em cadelas de qualquer idade após o primeiro cio. No entanto é mais comum em cadelas mais velhas. Após vários anos de ciclos éstricos sem gestação começam a ocorrer na parede uterina as alterações que favorecem esta doença. O momento típico para o aparecimento de piómetra ocorre 1 a 2 meses após o estro.

Quais são os sintomas duma cadela com piómetra?
Os sinais clínicos variam consoante o cérvix se encontre fechado ou aberto. Se estiver aberto, o pús acumulado no útero drenará para o exterior, notando-se um corrimento de aparência variável na vagina, na pele e pelo sob a cauda e até nos locais onde a cadela se tenha sentado ou deitado. Podem ainda notar-se febre, letargia, anorexia e depressão.  Se o cérvix estiver fechado o pús que se forma não é drenado para o exterior. Acumula-se no útero, causando distensão abdominal. As bactérias libertam toxinas que são absorvidas para a circulação. Nestes casos, as cadelas normalmente ficam gravemente doentes em pouco tempo. Perdem o apetite e ficam apáticas e deprimidas. Podem ocorrer vómitos e diarreia.  As toxinas bacterianas afectam a capacidade renal de filtrar e reter os fluídos. A produção de urina aumenta e as cadelas bebem água em excesso para compensar as perdas renais. Isto ocorre tanto nas piómetras abertas como nas fechadas.

Como é diagnosticada?
Uma cadela de aparência doente que beba demasiada água e não tenha sido esterilizada é sempre suspeita de sofrer de piómetra. Isto é especialmente válido se o abdómen estiver aumentado ou houver descarga vaginal. As cadelas com piómetra têm uma elevação marcada dos glóbulos brancos e das globulinas (um tipo de proteína produzida pelo sistema imunitário) no sangue. A densidade da urina é muito baixa devido aos efeitos tóxicos das bactérias sobre os rins. No entanto, todas estas alterações podem estar presentes em qualquer animal com uma infecção bacteriana grave.  Se o cérvix estiver fechado pode realizar-se uma radiografia para identificar o útero aumentado. Se o cérvix estiver aberto, o aumento do volume uterino não é normalmente suficiente para que a radiografia seja conclusiva. A realização de uma ecografia é de grande utilidade na identificação de um útero aumentado e na sua distinção de uma gravidez normal.

Como é tratada?
O tratamento de eleição consiste na remoção cirúrgica do útero e dos ovários. Este procedimento chama-se ovario-histerectomia (esterilização). No entanto, a maioria dos pacientes está gravemente doente e a cirurgia não é tão rotineira como numa cadela saudável. Geralmente é necessário estabilizar o paciente através da administração de fluidoterapia intravenosa antes e após a cirurgia. Adicionalmente, é realizada antibioterapia durante 1 a 2 semanas. 

A minha cadela é uma reprodutora valiosa. É possível tratá-la sem a esterilizar?
Existe uma abordagem médica ao tratamento da piómetra. As prostaglandinas são um grupo de hormonas que diminuem os níveis sanguíneos de progesterona, promovem o relaxamento e abertura do cérvix e a contracção do útero de modo a expelir as bactérias e o pús. Podem usar-se para tratar esta doença, mas nem sempre este tratamento é bem sucedido e existem algumas limitações importantes à sua utilização:

1. Causam os seguintes efeitos secundários: agitação, respiração acelerada, náusea, vómito, defecação, salivação e dor abdominal. Estes efeitos manifestam-se cerca de 15 minutos após a injecção e duram algumas horas. Tornam-se progressivamente mais ligeiros com cada injecção subsequente e podem ser reduzidos passeando a cadela durante 30 minutos após a injecção.
2. Não ocorrem melhoras clinicamente relevantes nas primeiras 48 horas e por isso as cadelas que se encontrem severamente doentes são más candidatas a este tratamento.

3. Como provocam a contracção do útero, existe o risco de ruptura da parede uterina e disseminação da infecção para a cavidade abdominal. Isto é particularmente provável quando o cérvix se encontra fechado.

Existem alguns dados estatísticos importantes que deve conhecer acerca desta forma de tratamento:

1. A taxa de sucesso no tratamento de piómetra aberta é de 75-90%.

2. A taxa de sucesso no tratamento de piómetra fechada é de 25-40%.

3. O risco de recidiva da doença é de 50-75%.

4. As hipóteses de sucesso num cruzamento subsequente são de 50-75%.

O que acontece se nenhum dos tratamentos anteriormente descritos for realizado?
As hipóteses de sucesso num tratamento de piómetra sem recurso à cirurgia ou à administração de prostaglandinas são extremamente baixas. Se o tratamento adequado não for realizado rapidamente os efeitos tóxicos bacterianos serão fatais. Se o cérvix estiver fechado é possível ocorrer a ruptura do útero, disseminando-se a infecção à cavidade abdominal e estabelecendo-se uma peritonite. Isto também será fatal.



Dr. Alex Alexandria Machado
Médico Veterinário
CRMV RJ - 10774
cel: (21) 9439-2703  e-mail: guapitrufa@hotmail.com

Controle de ectoparasitas: carrapato

A infestação por carrapatos no cão, além de provocar um incômodo muito grande ao animal pela coceira que provoca (reação alérgica), pode causar anemia e transmitir doenças como a Babesiose e a Erlichiose. A anemia no cão pode ocorrer nas grandes infestações, uma vez que o carrapato se alimenta do sangue do animal. Mas não é necessária uma grande quantidade de carrapatos para que a Babesiose ou a Anaplasmose sejam transmitidas.


Às vezes, um ou dois carrapatos que estejam carregando formas infectantes dos protozoários causadores dessas enfermidades são o bastante para que o cão contraia uma dessas doenças.

Assim, o controle do carrapato deve ser constante e qualquer sinal de apatia, febre, falta de apetite e mucosas (gengivas ou conjuntiva) pálidas em cães que costumam ter carrapatos, é motivo de uma visita ao veterinário e um exame de sangue, para detecção da Babesia ou da Erlichia. Elas são tratáveis quando diagnosticadas a tempo.

Mas o que fazer para evitar que o cão pegue carrapatos?

Infelizmente, não há nenhum esquema de tratamento preventivo. Se o cão freqüenta áreas infestadas por carrapatos, ele certamente irá pegá-los. Regiões com vegetação em sítios ou fazendas, são os lugares mais comuns. Porém, existem muitos casos de pessoas que tem problemas com carrapatos dentro de seus canis ou quintais e até em apartamentos. Às vezes, num passeio a uma praça ou parque, o cão pode se infestar.

E como combater o carrapato?
Assim como as pulgas, o carrapato não é um problema só do animal, mas sim do ambiente. O carrapato, em todos os seus estágios de vida (desde larva até adulto), é muito resistente. Combater o carrapato é difícil. Você pode eliminá-lo do cão facilmente com banhos carrapaticidas, porém, o inimigo que você não vê, ou seja, os ovos e larvas, estão no ambiente e nele sobrevivem durante meses. Muitos são os casos de proprietários que vivem combatendo o carrapato no cão, mas nunca conseguem exterminá-lo por completo.
Um outro detalhe é que os carrapatos colocam seus ovos na vegetação e também em frestas das paredes e piso. Dessa forma, todos esses lugares têm que ser tratados e não somente os cães. Quem tem na vizinhança terrenos com mato, criação de animais como cavalos e gado, pode sofrer com os carrapatos, pois esses parasitas são capazes de escalar altos muros em busca de alimento. Se isso estiver ocorrendo, é preciso controlar a infestação também na parte externa.

Um combate eficaz ao carrapato inclui:
No animal:
- banhos carrapaticidas. Quando a infestação é grande, repetir os banhos a cada 15 dias;
- animais de pêlos longos devem ser tosados no verão, época em que o calor e umidade fazem com que a incidência de carrapatos aumente muito;
- produtos carrapaticidas de longa duração, em gotas para aplicação tópica (local) ou spray, podem ser aplicados, a critério do veterinário.

No ambiente:
- uso de carrapaticidas: aplicar nos canis, casinha dos cães, em plantas e canteiros, atentando para frestas nas paredes ou pisos e ralos. O forro da casa não deve ser esquecido. Repetir o tratamento a cada 15 dias;
- em canis de alvenaria, o uso da “vassoura de fogo” é muito eficaz. O calor irá destruir todos os estágios do carrapato. Repetir o tratamento a cada 15 dias; uma opção caseira são aparelhos com jato de vapor d’água fervendo;
- se possível, fechar todas as frestas existentes nos canis ou paredes dos quintais, assim como no piso;
- mude de produto a cada 2 ou 3 aplicações, para que o carrapato não desenvolva resistência e o tratamento passe a ser ineficaz.

Importante:
- filhotes, fêmeas gestantes e gatos não devem ser banhados com produtos carrapaticidas;
- CONSULTE O VETERINÁRIO antes de usar qualquer produto;
- banhos carrapaticidas devem ser dados com o cuidado de não permitir ao animal lamber o produto durante o banho. A ingestão pode causar intoxicação grave;
- animais com ferimentos abertos (feridas ou queimaduras) não devem ser tratados;
- existem carrapaticidas para uso em cães, porém, muitas vezes são recomendados produtos de uso em bovinos e cavalos. AS DOSAGENS SÃO DIFERENTES. Consulte o seu veterinário antes de usar esses produtos;
- retire os animais do ambiente que irá receber o tratamento contra carrapatos até que o produto usado seque completamente.

O combate ao carrapato deve ser intensivo e durante um longo período de tempo. Nos meses mais quentes, a infestação pode voltar e os cuidados devem ser redobrados. Nas áreas em que há carrapatos em qualquer época do ano, o tratamento deve ser constante.


Dr. Alex Alexandria Machado
Médico Veterinário
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Parvovirose!!!

O que é?

É uma doença que afeta os cães, causada por um vírus Parvovirus canino – PVC.

Como é transmitida?
Através da inalação ou ingestão do vírus eliminado nas fezes dos animais doentes.

Quais são os sintomas?
Variam desde infecção inaparentes até óbito em 24h, dependendo de fatores como: idade, esforço, raça e infecções simultâneas. Inicia-se com vômitos, diarréias e febre variável; os animais tornam-se letárgicos e deprimidos passando para a anorexia (não se alimentam). Se o vômito se prolonga e ocorre a diarréia hemorrágica (com sangue) o prognóstico será menos favorável.

Como é feito o diagnóstico?
Nem todas as diarréias sanguinolentas, com ou sem vômitos, são causadas por parvovirus canino, porem cães jovens que apresentam esses sintomas devem ser considerados como possivelmente infectados. O diagnóstico conclusivo só é feito pelo acompanhamento clínico do animal, pelo médico veterinário, e se necessário o exame laboratorial específico.

Existe tratamento?
Por tratar-se de um vírus, o tratamento prescrito pelo médico veterinário basicamente é sintomático, dando ao organismo do animal condições de criar resistência e combater o vírus.

Como prevenir?
Como outras viroses, a forma mais eficaz de prevenir é através da vacinação, que inicia-se, em torno dos 60 dias de vida do animal. O Parvovirus canino é um do mais resistente vírus no ambiente, por isso em áreas contaminadas a desinfecção deve ser realizada com hipoclorito de sódio (água sanitária), um dos únicos agentes efetivos para a eliminação do vírus.



Curiosidade
As raças Rottweilers, Dobermas, Pinches e Black Labrador Retriever São mais gravemente afetados pelo Parvovirus canino.



Bibliografia: Ettiner, Stephen J. Tratado de medicina interna veterinária, 1992.



Dr. Alex Alexandria Machado
Médico Veterinário
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Vermifugação

Esta é uma dúvida que ocorre com frequência nos donos dos cães e parece-me que está relacionada com um equívoco que os assola e que passo a esclarecer: “a desparasitação NÃO tem efeito preventivo tal como acontece com as vacinas”. Se desparasitar hoje o seu cão e ele amanhã entrar em contacto com um meio ambiente infestado com ovos de parasitas, voltará a ficar parasitado. E alguns desses parasitas atingirão a fase adulta no espaço de 15 a 21 dias. Portanto a frequência de desparasitação está dependente do ciclo de vida dos diferentes parasitas, do modo de vida do seu cão, do desparasitante usado, da infestação do meio ambiente, do risco para os humanos que coabitam com o cão. E se por acaso tem comprado e dado o comprimido de desparasitante ao seu cão e esquecido o assunto até daqui uns meses se lembrar, então fez uma desparasitação incorrecta. Uma desparasitação correcta é estabelecida em conjunto com o seu veterinário e inclui também uma avaliação e controle do nível ambiental de infestação, por exemplo se o seu cão frequenta jardins públicos, se coabita com outros cães de várias proveniências, se vive dentro de casa. Nunca baseie a frequência da desparasitação com base em sintomas ou visualização de parasitas nas fezes pois muitas vezes eles estão parasitados mas sem sintomas. Poderá de qualquer forma verificar o meu outro post “Parasitas intestinais: indícios de que o meu cão os tem.”


Vamos então estabelecer algumas das regras que deverão nortear uma correcta desparasitação:

1.Escolher o desparasitante adequado: nem todos os desparasitantes são iguais. Alguns apenas desparasitam para ténias outros para lombrigas, outros são de largo espectro. Alguns são mais adequados para cachorros e outros para adultos.

2.Não espere 100% de eficácia qualquer que seja o desparasitante. Há uns mais eficazes que outros, mas nenhum pode reclamar 100% de eficácia para todos os parasitas.

3.Desparasite em simultâneo internamente e também para os parasitas externos pois alguns tipos de ténias utilizam as pulgas como hospedeiros intermediários. Uma falha nesta regra pode causar nova infestação de parasitas em pouco tempo.

4.No mesmo dia e nos dois dias seguintes à desparasitação, aplique uma higiene rigorosa dos locais onde o seu cão fez as fezes. As fezes emitidas após as desparasitações são muito infestantes pois contém muitos ovos de parasitas.

5.Desparasite todos os animais que coabitam em simultâneo.

Existe a ideia pré-definida de que as desparasitações são para ser feitas de 6 em 6 meses. É um mito (veja aqui outros mitos acerca da saúde dos cães). Provávelmente já se apercebeu que uma desparasitação não tem prazos determinados para todos os cães, mas esse prazo é determinado pelo veterinário assistente e varia de cão para cão. Também é o veterinário que melhor saberá escolher o desparasitante adequado, até na perspectiva de uma saudável rotação de medicamentos para evitar resistências parasitárias. Para além disso um programa de desparasitação poderá incluir exames laboratoriais às fezes que serão também efectuados pelo veterinário.

Numa perspectiva generalista se poderá dizer que as frequências de desparasitação mais usuais numa perspectiva de redução de risco são as seguintes (consulte o seu veterinário para estabelecer o programa do seu cão):

Cachorros

Inicie as desparasitações aos 15 dias de vida (poucos dias depois de terem aberto os olhos). PERIGO: terá de utilizar desparasitante adequado à idade. Repita às 4, 6 e 8 semanas de vida e continue mensalmente até fazerem 6 meses de idade. Poderá surgir-lhes a questão: Porquê tanta frequência? Porque as vias de infestação nesta idade são muitas. Podem nascer já parasitados por transmissão a partir da mãe (isto não ocorre nos gatinhos). Podem parasitar-se a partir do leite da mãe. Parasitam-se com mais frequência a partir do ambiente pois roem e brincam com muitos objectos que estão pelo chão infestados.

Cadelas em lactação

Desparasite ao mesmo tempo que os cachorros.

Cães adultos

Nas minhas clínicas, o programa de desparasitação dos cães, é muito exigente. Por todos os cães fazerem prevenção de dirofilariose com medicamento por via oral com efeito desparasitante intestinal de largo espectro de uma forma mensal, tenho uma garantia quase absoluta que não têm parasitas e que os seus donos não correm também risco de saúde.

No caso de cães que vivem em jardins utilizados por crianças (ou mesmo adultos) ou que vivem dentro de habitações o ESCCAP (European Scientific Counsel Companion Animal Parasites) aconselha desparasitação mensal. Certamente agora ficou surpreso pois achava que se o seu cão vive dentro de casa não necessitaria de desparasitações frequentes. Isto deve-se ao risco de transmissão aos humanos pois existe um contacto muito estreito. Como já concluiu pelo que leu, se tivesse optado por uma desparasitação de 3 em 3 meses, estaria a dar oportunidade que o seu cão tivesse parasitado durante parte desse intervalo e o tivesse contaminado a si devido ao contacto estreito que tem com ele. E acredite que você não vai querer pois os problemas de saúde que pode ter são gravíssimos.

Para os restantes cães existe a regra genérica de desparasitação de 3 em 3 meses. No entanto esta regra não é estanque como vimos. Imagine que tem um cão em canil mas leva-o a passear diáriamente ao jardim público. Em vários estudos cientificos, concluiu-se que os relvados de jardins de Lisboa e de Madrid (poderá eventualmente generalizar-se essa conclusão para todos os jardins públicos) estão massivamente contaminados com ovos de parasitas intestinais de cão. Então com muita probabilidade o seu cão estará parasitado pois a frequência de desparasitação é baixa neste caso. Para além disso há que proteger os utilizadores desses jardins públicos de contaminação por parasitas.

Para certos cães a desparasitação de 6 em 6 meses pode ser adequada. Por exemplo um cão que viva em canil com adequadas condições como por exemplo pavimento e paredes laváveis e que seja higienizado diáriamente, que não saia desse canil e não tenha contacto com outros animais, poderá ser desparasitado de 6 em 6 meses, mas mesmo nessas condições aconselho que se complemente essas desparasitações com análise laboratorial às fezes para avaliar a eficácia do programa.

Cães adquiridos recentemente

Desparasitar imediatamente. Voltar a desparasitar passados 15 dias. De seguida seguir as recomendações acima consoante a idade.

Cães que falharam a frequência de desparasitação acima ou que não são desparasitados há muito tempo

Desparasitar imediatamente. Voltar a desparasitar passados 15 dias. De seguida seguir as recomendações acima consoante a idade.

Cadelas para reprodução

Desparasitar antes do cio, 15 dias antes do parto e 15 dias após o parto.

Aconselhamos novamente a consultar o seu Médico Veterinário para que estabeleça o programa de desparasitação adequado ao estilo de vida do seu cão. Os dados acima são genéricos e podem não ser os adequados ao seu cão. Nunca estabeleça um programa de desparasitação nem escolha um medicamento desparasitante e suas dosagens sem a intervenção do veterinário assistente do seu cão.

Controle de ectoparasitas: pulgas

É muito raro encontrar um animal que ainda não tenha tido pulgas. E como é difícil acabar com elas… As pulgas se reproduzem com uma velocidade e facilidade incríveis e, se a infestação não for combatida logo no início, o problema toma proporções assustadoras. Isso sem contar com as doenças causadas pelas pulgas. Para combatermos essa praga doméstica, temos que entender bem como elas vivem e se reproduzem.


Sem esse conhecimento, há pessoas que chegam a intoxicar seu cão ou gato com produtos inseticidas, mas as pulgas continuam vivas.

E como um cão que pega uma pulga na rua pode chegar a ter “1 milhão” delas em pouco tempo?
Os cães se infestam de pulgas nas ruas. Mas esta, normalmente, é uma infestação pequena. Essas pulgas são levadas para casa e lá elas vão encontrar muitos locais para fazer a desova (postura dos ovos). É importante saber que as pulgas põem seus ovos no ambiente e é este o responsável pelas grandes infestações de pulgas nos animais. A pulga apenas se alimenta no cão ou gato sugando seu sangue. No ambiente, ela coloca ovos que podem permanecer viáveis por até um ano! Na presença de calor e umidade (nas estações mais quentes, principalmente) esses ovos eclodem, viram larvas que se alimentam de poeira e detritos; as larvas transformam-se em adultos que atacam os animais em busca de alimento. Assim, o pobre animal é apenas o culpado “indireto” por uma grande infestação de pulgas. Seu erro foi trazer a pulga para casa. O ambiente é o responsável por “produzir” milhares de pulgas que tiram o sossego dos animais de estimação e de seus donos.  Sabendo disso, devemos entender que tratar apenas o animal (cão ou gato) numa grande infestação é um erro. Você vai matar algumas pulgas. A maior quantidade delas está nas frestas do piso, pilhas de papéis, tapetes e carpetes, na forma de ovos, larvas ou pulgas adultas.

Mas como a casa ficou infestada de pulgas e eu não senti nenhuma picada?
A pulga é espécie-específica, ou seja, existem pulgas que atacam humanos e outras que picam animais. A pulga de cães e gatos não vai atacar as pessoas enquanto ela tiver disponível uma fonte de alimento. Assim, quem sofre é o animal. E o processo é tão rápido que quando você observa mais atentamente seu amigão por ele estar se coçando muito, dezenas de pulgas já podem ser vistas, principalmente na região do abdômen (barriga) e em volta do ânus e cauda. Grandes infestações de pulga no ambiente fazem com que elas, na ausência de alimento suficiente, passem a picar também as pessoas da casa.
Resumindo, como as pulgas só atacam os animais, o problema passa desapercebido e, quando é descoberto, já tomou grandes proporções com a infestação do ambiente.

E como eu vou acabar com essa “praga”?
Já vimos que o problema não é apenas o cão. Para avaliarmos a extensão da infestação, faça um teste simples. Dê um banho antipulgas no seu animal e procure certificar-se que foram mortas todas as pulgas. Após secá-lo bem, solte-o na casa, mas não o leve para a rua. Uma hora mais tarde, verifique se o seu cão está com pulgas. Considere:
- nenhuma, uma ou duas pulgas foram encontradas: seu cão tinha uma pequena infestação e, provavelmente, pegou num passeio. Neste caso, o ambiente ainda não está infestado.
- várias pulgas foram encontradas: sua casa possui um ou mais focos de pulga. O ambiente tem que ser tratado, assim como o cão.

Sabendo agora o nível de infestação do cão e da casa, tomamos as medidas necessárias:

Na casa: dedetização, 2 aplicações com intervalos de 3 a 4 semanas, ou uso semanal, no ambiente, de produtos anti-pulgas da linha veterinária (consulte o seu veterinário), até acabar com a infestação. No caso de optar por uma empresa que faça a dedetização, procure retirar o animal do local por 48 horas, no mínimo.
No cão: banhos anti-pulga semanais e aplicação de produtos anti-pulga tópicos de longa duração, a critério do seu veterinário.

Importante:

- Nunca aplique em seu animal produtos que são utilizados na casa contra insetos e baratas; filhotes, fêmeas gestantes e gatos, não devem ser banhados com produtos inseticidas;
- CONSULTE O VETERINÁRIO antes de usar qualquer produto anti-pulgas;
- Banhos anti-pulgas devem ser dados com o cuidado do animal não lamber o produto durante o banho. O mesmo para o uso de talcos. A ingestão do produto pode causar intoxicação;
- Animais com ferimentos abertos (feridas ou queimaduras) não devem ser tratados com produtos anti-pulgas tópicos (para passar, banhar ou aspergir).

É possível prevenir a infestação por pulgas?

O controle da infestação por pulgas se faz através de medidas simples:
- banhos antipulgas freqüentes (quando for possível);
- uso de produtos anti-pulgas de longa duração em gotas para aplicar topicamente, spray ou por via oral (comprimidos);
- deve-se evitar o uso do carpete em casas que têm animais. Pisos “frios” e bem rejuntados, sem frestas, evitam a proliferação das pulgas;
- usar produtos antipulgas nas casinhas dos cães periodicamente. Tapetes ou cobertores de uso dos animais devem ser lavados com freqüência;
- tosar os animais nas épocas mais quentes, para se controlar melhor as pulgas e facilitar os banhos;
- alguns locais como praças, canteiros e jardins, podem ter focos de pulgas, por serem freqüentados por muitos animais. Se você perceber que o cão volta se coçando dos passeios, evite esses locais.

Sempre que seu animal tiver uma infestação de pulgas, você deve consultar o seu veterinário para que ele prescreva um vermífugo. As pulgas podem transmitir vermes e causar anemia, além de perturbar e até mudar, temporariamente, o comportamento do seu animal, que vai ficar mais irritado, impaciente e exausto de tanto se coçar. Alguns cães chegam até a se mutilar, causando ferimentos graves pela coceira, além de poder causar doenças.


Não espere seu cão ter pulgas, comece a combatê-las desde já!

Dr. Alex Alexandria Machado
Médico Veerinário
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Odontologia canina

Se o seu dente quebrasse, você iria ao dentista, certo? Com os animais não é diferente, eles também necessitam de serviço odontológico. Existem veterinários especializados em odontologia animal, que podem ajudar seu amiguinho. Os dentes mais acometidos por fratura são o quarto pré-molar superior nos cães e os caninos, tanto em cães quanto em gatos.




O primeiro procedimento a ser realizado em um dente fraturado é o tratamento de canal, pois o nervo fica exposto e o animal sente dor. Mesmo em casos de fratura antiga, onde o dente já não tenha mais sensibilidade, faz-se necessário o tratamento. Mas, diferente do que é feito em humanos, nos animais esse procedimento é realizado em uma única seção, pois necessita de anestesia geral.



Mas se o animal não apresenta dor, por que tratar o dente?



Mesmo que o animal consiga se alimentar normalmente, o dente fraturado necessita de cuidados. O dente pode ter morrido, mas a abertura existente no local da lesão serve como porta de entrada para as bactérias atingirem a corrente sangüínea e se espalharem por todo o organismo.



É possível recuperar o dente quebrado?



Para restabelecer a forma e a função dos dentes, podemos lançar mão de vários métodos de reconstrução. Existem alguns tipos de prótese, onde as mais utilizadas são as coroas de metal ou cerâmica. Para tanto, o animal deve ser anestesiado para tratar o dente e em seguida fazer um molde da boca para mandar ao protético, o qual irá confeccionar a coroa, que será afixada ao dente em uma segunda seção.



Também é possível refazer a coroa com o uso de postes intra-radiculares e pinos parapulpares, que receberão sucessivas camadas de resina, até recuperar a forma do dente. Mas devemos considerar que a reconstrução da coroa deve ser sempre ligeiramente mais curta que o dente original, para evitar excesso de tensão exercida pelas forças da mastigação.



Atualmente vem se utilizando também a colagem dental. Essa prática requer um banco de dentes para que se possa escolher o mais parecido com o dente natural do animal, em formato e coloração.



O dente reconstruído pode fraturar outra vez?



O fornecimento de ossos longos naturais é responsável por grande parte das fraturas dentais em cães. Um dente reconstruído, por mais forte que seja, também pode fraturar se não forem respeitados certos limites. Mas os cuidados após a reconstrução da coroa não diferem dos cuidados básicos para cães saudáveis. Ao fornecer ossos ao seu cão prefira os artificiais, feitos de couro comestível, ou então vértebras caudais de bovino. E faça visitas regulares ao veterinário para garantir a saúde do seu animal e detectar qualquer tipo de problema o mais cedo possível, facilitando assim seu tratamento.



Lisandra Ferreira Dornelles

Médica Veterinária CRMV-RS 7371

Uso de aparelho ortodôntico em cães e gatos
 
Os cães e gatos também podem precisar de aparelhos ortodônticos?




Sim, pois ambas espécies apresentam problemas de oclusão errada associadas ou não a deformidades ósseas do crânio e sua relação com a mandíbula. Acredito que estes problemas cresceram muito devido a uma falta de um supervisionamento dos cruzamentos, o que levou com que hoje tenhamos raças que tenham uma oclusão errada, mas que dentro do padrão da raça são considerados normais, um exemplo é o Bulldog.



Os cães e gatos podem usar aparelho, mas será que devem?



Esta já é uma questão delicada pois envolve ética. A princípio todo o animal teria direito médico de ter uma oclusão perfeita ou o mais próximo do normal, pois uma má oclusão pode causar prejuízo a saúde animal (trauma em tecidos moles, dor, desgaste dos dentes, predisposição maior a doenca periodontal, etc) Mas infelizmente, algumas pessoas pensam apenas pelo lado estético e poderiam usar estes animais que fossem corrigidos para exposições e/ou cruzamentos, o que faria com que o problema se perpetuasse. Por isso, muita cautela é requerida na indicação de um tratamento ortodôntico, sobretudo o proprietário deve ser informado de sua responsabilidade.



O aparelho ortodôntico usado em animais é parecido com o usado no homem?



O principio de movimentação é o mesmo, mas os aparelhos são um pouco diferentes. Normalmente usamos aparelhos fixos, que podem ser passivos (plano inclinado) ou ativáveis (expansores). Brackets, fios ortodônticos e elásticos têm uma aplicação limitada devido ao tamanho reduzido dos dentes, como também do comportamento dos animais.



Qual a principal causa dos problemas ortodônticos?



Ainda não existem estudos bem dirigidos para determinar a causa de todos os problemas encontrados em todas as raças. Mas existe um consenso entre os pesquisadores de que a maior parte dos casos esteja relacionada a fatores genéticos e/ou hereditários. Alguns casos estariam relacionados a fatores externos, como traumas e hábitos. Em nosso atendimento no ODONTOVET, temos notado que em muitos casos existe histórico de atraso na exfoliação ou retenção dos dentes decíduos (de leite), o que faz com que os dentes permanentes erupcionem em uma posição desfavorável. Por isso, a recomendação atual é que ao notar um dente permanente erupcionando e o dente de leite estiver firme, a extração do dente de leite seja feita imediatamente.



Em que situações se faz necessário o uso dos aparelhos?



Quando a oclusão afeta a vida e a saúde do paciente. Isto pode acontecer quando um dente fora de posição causa um trauma na gengiva, ou no céu da boca, podendo levar até uma comunicação com o nariz; ou quando um dente oclui sobre outro podendo levar a um desgaste, pulpite, dor. Há casos em que o mau posicionamento dos dentes facilita o acúmulo da placa bacteriana levando a inflamação da gengiva e posterior perda do dente (doenca periodontal). Em outras situações pode haver dificuldade na mastigação e/ou apreensão do alimento. Em cães de trabalho e guarda a aclusão desbalanceada pode levar a predisposição de fraturas nos dentes. O que deve ser lembrado é que a estética deve ficar em segundo plano, a principal preocupação é com a saúde do paciente.



Quanto tempo dura um tratamento ortodôntico no cão?



Este é um dos grandes problemas que temos, pois os tratamentos precisam ser rápidos, pois os aparelhos facilitam o acúmulo de alimento e formação da placa bacteriana, e caso não haja higiene, pode levar a perda do dente. Por outro lado, se movimentarmos um dente com uma força intensa e de forma muito ápida, também corremos o risco de perde-lo. O que tentamos fazer é movimentar o máximo número de dentes em um menor espaço de tempo com um único aparelho. Em média temos conseguido bons resultados em cerca de 3 a 4 meses.



Os cães aceitam bem o uso dos aparelhos?



Antes de decidirmos por um tratamento, é preciso avaliar o temperamento do animal, pois ele pode acordar da anestesia e “arrancar” ou quebrar o aparelho mordendo grades e objetos. Outro detalhe é com relação aos aparelhos que necessitam de ativação. Se o paciente não for dócil, fica difícil ativar, havendo necessidade de anestesias mais frequentes. Em alguns casos, o paciente pode parar de comer ou ficar agressivo devido a dor.



Herbert Corrêa

Médico Veterinário (CRMV SP 7158) – Odontovet

www.odontovet.com

Devo dar leite ao meu cachorro?

Certamente já ouviu falar de alguém que é intolerante à lactose. Quando essa pessoa bebe leite, fica com grande mau estar, vómitos, diarreia e dor abdominal. Pois bem, os cães têm muita dificuldade em digerir a lactose do leite devido a uma deficiência enzimática (carência de lactase). Quando a lactose não é digerida, tende a fermentar nos intestinos e causa diarreia. A partir de certa idade, os cães perdem a capacidade de digerir o leite. Alguns cães conseguem ingerir pequenas quantidades sem lhes causar problemas. Outros com uma quantidade mínima, apresentam sintomas. Todos os cães têm um limite de quantidade de leite a partir do qual apresentam sintomas. Esse limite é substancialmente reduzido quando o cão tem uma diarreia prévia por qualquer outra razão.


Portanto o conselho a seguir é:

1.Dar leite com muita cautela para se perceber qual o limite a partir do qual o seu cão já não consegue digerir o leite.

2.Nunca dar leite quando ele tem diarreia.

3.Preferir o leite próprio para cães ou gatos porque não tem lactose.


Dr. Alex Alexandria Machado
Médico Veterinário
CRMV RJ - 10774
cel: (21) 9439-2703  e-mail: guapitrufa@hotmail.com

E se for alergia? Tem cura?

É muito freqüente encontrarmos animais alérgicos?

Sim. Da mesma forma que os humanos, os cães e gatos são freqüentemente acometidos de doenças alérgicas. Estima-se que entre 25 a 30% de todos os cães sofrem de alguma doença alérgica. As doenças alérgicas nos cães são a causa mais freqüente de consultas nas clínicas veterinárias das grandes cidades.

Quais são as alergias mais comuns nos animais?
Em um país de clima tropical como o nosso, os alérgenos mais importantes são os fungos e bolores, seguidos de inalantes encontrados dentro das casas tais como: lã, algodão, juta/sisal, fumaça de tabaco, carpete e gramas das mais variadas. Em algumas regiões do Brasil, tais como o interior do estado de São Paulo e na região Sul do país, o alérgeno mais importantes é o pólen das árvores. Os alimentos são responsáveis por aproximadamente 10% dos casos de alergias.

Como saber o que está causando alergia no animal?
Descobrir as causas da alergia nos cães e gatos é muito fácil. Já existe no Brasil um teste que é feito com uma pequena amostra de sangue. Este teste verifica se o animal e alérgico para um painel de 90 substâncias. Nós já realizamos mais de 3.600 testes no Brasil desde o ano de 1992.

Se meu animal é alérgico e ele cruzar, os filhotes serão alérgicos também?
As alergias têm um forte componente genético e ambiental. Nem sempre filhotes de pais alérgicos vão desenvolver alergias, mas a probabilidade existe e é bem elevada, embora o fator ambiental também seja responsável pelo desenvolvimento das alergias. É muito freqüente encontrarmos proprietários de cães alérgicos também serem alérgicos. Isto tem uma relação direta onde o animal e o proprietário vive.

A alergia tem cura?
Não! As alergias não têm cura. Elas podem ser controladas através de vacinas específicas, também conhecidas como IMUNOTERAPIA, que consiste em injetar no animal, de maneira gradativa, concentrações crescentes das substâncias às quais o animal é sensível. Pode ser feito também o controle das doenças de pele que normalmente estão associadas às alergias.

É verdade que o animal alérgico que se coça o tempo todo pode vir a ter infecção de pele?
Sim, infecções de pele são os sintomas mais freqüentemente encontrados nos animais alérgicos. Os animais, quando se coçam com as patas ou com a boca, abrem pequenas fissuras na pele, por onde entram bactérias. Estas bactérias se reproduzem nas camadas internas da pele, causando lesões, alguma delas bastante grave.

A grande maioria dos animais alérgicos é tratada com cortisona. Esse tratamento é eficaz?
Primeiramente, a utilização de cortisonas não se constitui em um tratamento, mas somente um paliativo para evitar os sintomas das alergias. Existem vários tipos de cortisonas ou corticosteróides. As cortisonas de curta duração, aquelas que são eliminadas do organismo em um curto período de tempo, podem ser utilizadas por períodos curtos para diminuir a coceira. As cortisonas de longa duração, também chamadas de cortisonas de depósito (aquelas injeções de coloração branca aplicadas a cada 15 ou 30 dias de intervalo), não devem jamais ser utilizadas. Apesar de muitos profissionais no Brasil se utilizarem com muita freqüência deste tipo de cortisona, não existe no mundo nenhuma indicação técnica para a utilização deste tipo de cortisonas para tratamento das alergias dos cães.

Quando se opta por um tratamento à base de cortisonas, o profissional deve alertar os proprietários dos riscos para a saúde do animal que estes produtos apresentam.

Como podemos tratar as alergias sem o uso da cortisona?
Existem várias alternativas para o tratamento das alergias dos cães e gatos sem a utilização das cortisonas. A principal delas é a imunoterapia, que consiste na aplicação de concentrações dos alérgenos sensíveis por um período de tempo que pode variar de nove meses até toda a vida do animal. As vacinas de alergia consistem em 3 frascos ampola contendo concentrações crescentes de alérgenos (substâncias que causam as alergias).
Com a imunoterapia, o animal vai se tornando cada vez menos sensível aos alérgenos. Obviamente, a imunoterapia não deve ser o tratamento único, pois na grande maioria dos casos as alergias vêm acompanhadas de várias doenças de pele, que precisam ser diagnosticadas e tratadas de acordo. Existem inúmeras doenças que podem ser confundidas com alergias.

Em quanto tempo podemos observar uma melhora no animal tratado com vacinas?
Aproximadamente 5 meses após o início do tratamento. Isto pode variar de paciente para paciente. Alguns animais começam a manifestar melhora no quadro após um mês, e outros podem demorar até 9 meses para começarem a melhorar.

Ele terá que tomar vacinas à vida toda?
Para a grande maioria dos pacientes a resposta é SIM! As alergias são disfunções imunológicas que devem ser acompanhadas durante toda a vida do animal.




Israel Bleich
médico veterinário (CRMV SP 2985) – in memorian
Laboratório Cepav – SP

Como diagnosticar dermatopatias em cães e gatos?

Como diagnosticar as dermatopatias, alergias em cães e gatos?
A alergia em Medicina Veterinária, assim como em Medicina Humana, é de diagnóstico bastante complexo e vem acometendo um número crescente de cães e gatos no mundo todo. Creio que toda especialidade clínica atende casos difíceis, cuja condução torna-se um processo desgastante tanto para o proprietário quanto para o veterinário, afetando em última instância o próprio animal. Em dermatologia veterinária este “calcanhar de Aquiles “ , por assim dizer, constituem as Dermatites alérgicas.


Atualmente elas correspondem a cerca de 70% dos casos dermatológicos atendidos na rotina clínica-dermatológica e, muitas vezes, o diagnóstico é trabalhoso e o prognóstico é sombrio. Digo isto porque não existe mágica, ou seja, não é possível diagnosticar alergia de forma confiável através de um exame laboratorial, como fazemos com tantas outras doenças dermatológicas, tais como as dermatites parasitárias (sarnas), as dermatites fúngicas (micoses), as neoplasias, as doenças autoimunes e tantas outras.

O diagnóstico confiável baseia-se na exclusão de demais dermatopatias pruriginosas (doenças que causam coceira) e, uma vez confirmado tratar-se de alergia, excluímos as diversas causas alérgicas. Isto, na maioria das vezes, gera frustração tanto ao cliente quanto ao veterinário especialista. O primeiro porque já consultou inúmeros profissionais antes de chegar a um especialista e quer uma resposta simples e imediata que resolva o problema do seu animal. Por outro lado, nós, clínicos, também nos frustramos ao perceber o semblante desanimador do proprietário, pois terá que passar por várias etapas antes de descobrirmos o tipo de alergia que acomete seu animal e, muitas vezes, terá que lidar com algo incurável por toda a vida.

A primeira etapa consiste na eliminação de ectoparasitas, pulgas, carrapatos e piolhos. Uma vez isto feito, eliminamos alimentos possivelmente envolvidos na alergia, e isto exige muita paciência e dedicação por parte dos proprietários, pois terão que oferecer alimentos caseiros ao animal por um período muito longo, que varia entre 60 e 90 dias, e remover todos os alimentos industrializados da sua dieta. Esta dieta, chamada de eliminação, é uma etapa fundamental para se excluir alergia alimentar, e não pode ser negligenciada. Os ingredientes são escolhidos pelo veterinário com base naquilo que o animal nunca tenha ingerido anteriormente. A adesão a este protocolo é fundamental para concluirmos que alergia o animal tem de fato.

Uma vez feito isto e não havendo melhora clínica, concluímos por fim tratar-se de uma dermatite atópica, também chamada a alergia a inalantes ambientais, que é incurável e exigirá um tratamento permanente do animal.

O que ocorre, na maioria das vezes, é que muitos proprietários saem frustrados da consulta com o especialista em dermatologia, dizendo: “Mais um que não sabe o que meu animal tem…”. Isto, mesmo depois de ouvir uma explicação minuciosa, detalhada de todo o processo, e das etapas que virão a seguir. A sensação que fica é de falta de diagnóstico correto. Este sentimento tem levado muitos proprietários a procurarem receitas milagrosas, vacinas mágicas cujo nome e conteúdo não são revelados pelos colegas, muitas delas manipuladas, que prometem cura completa. Desconhecem que estes produtos, infelizmente contém, na maioria das vezes, corticosteroides, verdadeiros venenos quando utilizados de forma indiscriminada. Outros, por sua vez, são realmente fórmulas místicas e empíricas, sem nenhum fundamento científico.

Tenho atendido muitos pacientes ludibriados por estes procedimentos, e animais que desenvolvem insuficiência renal prematura ou mesmo cardiopatias em idade precoce, efeitos colaterais do uso excessivo de corticoides.

Para nós, dermatólogos, seria muito mais fácil conduzir tais casos de forma rápida e eficiente, diagnosticando genericamente como “dermatite “ e fazendo o uso amplo de corticosteroides injetáveis, porém, aqueles que trabalham de forma consciente sabem que este não é o melhor para o animal.

Fica aqui o alerta para os proprietários de animais supostamente alérgicos: a investigação detalhada se faz necessária para uma condução adequada do paciente. Contudo, uma vez concluído o diagnóstico de dermatite atópica, o uso de medicamentos será por toda a vida.


Cibele Nahas Mazzei (CRMV SP 6011)
M. V. Mestre em Dermatologia Veterinária pela USP
www.dermatopet.com.br

Auto-medicação. Riscos para seu pet!

Os medicamentos são, na sua generalidade, poderosas armas que utilizamos, mas que existe sempre um “preço” a pagar sob a forma de efeitos secundários ou indesejáveis potenciais. Quase todos os medicamentos têm os seus efeitos secundários. Neste post no entanto não iremos falar dos efeitos secundários que podem ser encontrados na literatura dos medicamentos mas sim nos efeitos severos que medicamentos que à primeira vista são inócuos, causam reacções graves nos gatos causadas por particularidades desta espécie.

Todos os medicamentos devem ser dados aos gatos sob a vigilância ou prescrição de um veterinário. Muitas das intoxicações com medicamentos nos gatos são causadas com medicamentos de uso humano de venda livre usados sem vigilância veterinária.

PARACETAMOL (Ben-u-ron, Panadol, Panasorbe, Tylenol, Cê-gripe, Griponal, etc.)

Os gatos têm particularidades no seu metabolismo que os impedem de metabolizar e eliminar eficientemente alguns medicamentos. A falta da enzima Glucoronil-Transferase nos gatos torna-os sensíveis a grande parte dos anti-inflamatórios de uso humano como o paracetamol. Os sintomas são edema (inchaço) da face, gengivas e língua cinzenta azulada e falta de ar. O que acontece é que os produtos tóxicos do metabolismo incompleto do paracetamol causam uma modificação na hemoglobina dos glóbulos vermelhos que os impedem de transportar oxigénio e a consequência disso são sintomas de grande “falta de ar” e um sofrimento atroz. O desfecho da situação é frequentemente a morte. Mesmo doses muito baixas são tóxicas. Por se tratar de uma medicação presente em muitas casas e haver a ideia que os anti-inflamatórios são inócuos, é uma das intoxicações mais frequentes nas clínicas veterinárias. É frustrante para um veterinário receber um gato que, não bastando uma doença pré-existente, lhe foi administrado paracetamol e tem agora que lidar com dois problemas.

ÁCIDO ACETILSALICILICO e derivados (Aspirina, Aspegic, etc.)

Os gatos são extremamente sensíveis aos medicamentos do tipo Aspirina e intoxicam-se com doses muito baixas. Os sintomas são perda de apetite, fraqueza, respiração acelerada, vómito por vezes com sangue, coma e morte.

IBUPROFENO e derivados (Arfen, Brufen, Dolocyl, Moment, Ozonol, Solufen, Trifene, etc.) e OUTROS ANTI-INFLAMATÓRIOS

Anti-inflamatórios de outros grupos são também perigosos para os gatos pois provocam úlceras gástricas com hemorragia e insuficiência renal. E por vezes uma dose única é suficiente para provocar sintomas e morte. São poucos os anti-inflamatórios utilizáveis nos gatos de forma segura e mesmo os utilizáveis só deveriam sê-lo sob vigilância veterinária.

INSECTICIDAS PIRETRÓIDES

A maioria dos produtos insecticidas para utilização nos cães contra pulgas e carraças (sprays, shampoos, soluções, ampolas spot-on, coleiras) são extremamente tóxicos para gatos. Os sintomas são salivação, tremores musculares, convulsões, “falta de ar”, falta de coordenação dos movimentos, coma e morte. Os sintomas normalmente iniciam-se alguns minutos após a aplicação e se não forem tratados rápidamente, normalmente o resultado final é a morte. Todos os produtos insecticidas a serem utilizados em gatos terão de vir mencionados nas embalagens como apropriados para gato.

Um alerta final para um medicamento muito popular sob a forma de solução que não alerta para os seus efeitos tóxicos em gatos e se vende no canal especializado e não especializado sob o nome de PECUSANOL. O Pecusanol NÃO PODE ser utilizado em gatos.

Esta lista não é completa. Todos os medicamentos são perigosos. Qualquer medicação deve ser prescrita e administrada segundo as indicações do veterinário. Os gatos são muito diferentes dos humanos e dos cães no que toca a medicamentos, dosagens e seus efeitos tóxicos. Nunca tente fazer analogias com os humanos a respeito da saúde dos gatos.



CONSULTE SEMPRE O SEU VETERINÁRIO.

Dr. Alex Alexandria Machado
Médico veterinário
CRMV RJ - 10774
cel: (21) 9439-2703  e-mail: guapitrufa@hotmail.com